Tinha a mania de escrever as coisas que não te conseguia dizer e, quando mudei de casa, fiz questão de lá de deixar os cadernos antigos para não tropeçar nas verdades da altura. Mas sabia que, mais cedo ou mais tarde, ia ter de empacotar tudo. Enfiar as palavras que não te soube dizer dentro de uma caixa e trazê-las para onde moro. As datas assinadas estão cheias de pó, mas há verdades que se mantêm intactas. Passado e presente. E um futuro que vai ter de ser diferente do que se quis. O pior não foi ler o que escrevi. Foi lembrar o que deixaste.
Semana de incertezas e de resoluções. O relógio não pára. E eu, às vezes, também não.