Um dia chegamos à conclusão que toda a gente morre. Normalmente, os mais velhos morrem primeiro, mas, como em tudo na vida, há excepções. Primeiro morrem os avós. Depois os pais. Por último, os filhos. Todos morrem. Eu, tu, ele e os restantes pronomes pessoais. Um dia acordamos e apercebemo-nos que alguém à nossa volta deixou de existir. Ou pode deixar de existir. E aí, não interessam as saudades. Não interessa o que se fez, o que se disse o que se pensou. Interessa apenas e só o contrário. Interessam as vezes que errámos e não quisemos fazer melhor, as vezes em que tropeçámos na realidade e fomos de boca ao chão, interessa que caímos e não nos conseguimos levantar.
No dia seguinte, está sempre tudo na mesma. Talvez um pouco mais de tristeza em meia dúzia de corpos, mas nada mais. O mundo não pára quando alguém se vai embora. O luto é proibido. Ouviste bem? É PROIBIDO! Não há tempo para isso. Não há tempo para chorar. As lágrimas fazem arder os olhos e isso reflecte-se na produtividade. Não. Não. Não. É preciso engolir cada milímetro de desilusão. Quando estiveres de férias, logo ficas de rastos e passas os dias em casa fechada, de estores fechados, aos berros com a vida e com as injustiças deste universo. Agora não dá. E não dá, porque a jornada ainda mal começou.
És adulta. És meia-adulta. Mas uma daquelas metades que vale por uma unidade inteira. Vai mas é dormir, que amanhã há mais.
1 comentário:
precisas é de caracóis :)
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