Acordou embrulhada na ressaca do dia anterior. Ainda antes de abrir os olhos, lembrou-se das misturas da noite anterior. Os copos a ir e vir, o vinho branco, a coca-cola, o moscatel. O sol já se tinha levantado, mas não havia relógio no mundo que lhe pudesse dizer que, realmente, era tarde demais. Apesar de tudo, aproveitou o embalo da luz do dia para seguir o cheiro a pequeno-almoço. Desceu as escadas e reviu o cenário de manhãs abandonadas há anos atrás. Ali estava ele, de janela aberta para Lisboa, como se a cidade fosse a sua nova musa, a cozinhar uma refeição para dois. O ele e o ela transformado em nós, mais uma vez. Inicialmente, achou que o álcool continuava a toldar-lhe a percepção, mas os sacos de compras cheios de comida matinal não mentiam. Lá ao fundo, ouviam-se as verdades de outros dias, na voz de Camané. O sorriso dele convenceu-a de que a noite talvez pudesse não ter sido um desastre tão grande como imaginara."Trouxe os teus cereais preferidos."
Fotografia licenciada em Creative Commons por tavopp |
1 comentário:
onde é que eu já ouvi isto :')
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