Toda uma imensa necessidade de existência intemporal, que tu nunca apagas o que escreves, nem quando te enganas, nem mesmo quando não gostas do que desenhas sobre as linhas. Riscas por cima do que não queres ali, com traços certos, direitos, padronizados, um compasso de tinta que finge tapar o que supostamente está errado. Com a subtileza de um artista, deixas tudo à vista de quem queira procurar ainda mais por ti naquele pedaço de papel. E esperas. Desesperas por alguém que mergulhe ali, enquanto permaneces imóvel, sentada numa cadeira de madeira, dura e velha, sozinha. É assim, sem qualquer contacto humano que vasculhas universos de código binário e cabos de fibra óptica, e abres a tua janela de voyeurismo. Ali não se arrancam folhas, nem se riscam palavras. E o que escreves dura o tempo que quiseres, como se fosses um qualquer Deus, delineando o espaço e cronologia do que é teu, numa ridícula afirmação pessoal. És patética.
Mas escreve. Escreve para que o teu excesso de existência não tome conta de ti.
Mas escreve. Escreve para que o teu excesso de existência não tome conta de ti.
1 comentário:
Vá lá, no fundo até gostas desses cabos todos.
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