quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A praia, a cidade e as músicas

Estive tanto tempo à tua espera, naquela praia. Sentada na areia, deitada na areia e dentro de água. Escrevia com os dedos o teu nome, que ainda não sabia, e atirava-te conchas para que olhasses para mim. Queria mesmo que olhasses para mim, porque me parecias ser a pessoa com quem me ia dar melhor. E dei. De todos, sempre foste aquele com quem tinha mais confiança e brincadeiras. Nada de grandes intimidades, não, que o Verão não serve bem para isso. Mas existia aquela segurança de quem sabe que, se fosse preciso, havias de estar sempre lá, mesmo que o lá fosse aqui, fora da praia. Antes de sermos como deve ser, quase existimos um dia em Lisboa. Um almoço perdido no Chiado, numa qualquer tarde de Dezembro há alguns anos. Tempo chuvoso, sem espaço para tudo aquilo que sempre fora o nosso habitat natural.

Afinal, nem eras diferente do que eu conhecia longe da cidade. Os prédios sujos e a multidão desalinhada do mundo mantinham-nos intactos, como se o frio do Inverno trouxesse o Alentejo para junto de nós. Tão perto e tão longe, como nos habituámos a estar um do outro, por causa daquela canção, que entretanto deixou de ser nossa. Espremeste aquele poema e entregaste-o a outra pessoa. (Não gosto que me troquem os poemas, sabes?...) Mas acabei por tapar os olhos depois de ler: a fingir que não foi nada. Lá no fundo, acabou por não ser. Passou um ano e as músicas mudaram sem que déssemos conta. Não falámos sobre isso, não pensámos sobre isso. A praia estava à espera que existíssemos de novo.

4 comentários:

Anónimo disse...

E existiram :)

Transpareces felicidade, e isso deixa-me tão contente, minha querida Rute ;)

Anónimo disse...

é bom isso =) e essa coisa do existir de novo tb me parece bem =X
hj tou do pior credo xD

Anónimo disse...

Lindo, Rute :')

Anónimo disse...

Poooois, isto quando se está apaixonada a inspiração é logo outra =P