quarta-feira, 21 de janeiro de 2009



As memórias são discos rígidos empilhados nas entranhas de cada estante. Desenrolam-se as virtudes em novelos de bondade para guardar dentro do cesto ao pé da lareira. Há aqui uma certa religião do super-ego desarrumado. Os armários de beleza e artificialidade compactadas derreteram debaixo do frigorífico. E os holofotes nunca chegam para iluminar o caos com o respeito devido. Trocam-se os trapos de existência inconformista e recalcada. Não há paraísos aqui dentro, só sonhos que se perderam por auto-estradas em linha recta. Vá lá, pega nos ossos das recordações e desmonta o ouro que deixaste cair sobre o azul. Amanhã, o calendário acaba e o espaço desdobra-se em infinito. Eternidade de dimensões em que o trabalho se torna a única unidade de medida. Universo de electricidade e petróleo: Ele está no meio de nós. A multidão respira de olhos fechados enquanto vê televisão. Não há parágrafos nem alíneas neste contrato, só absoluto.

4 comentários:

Inês disse...

adorei!

Anónimo disse...

Os discos rígidos tinham que figurar, senão já não eras tu =P
Mas gosto, gosto muito, especialmente da maneira como os pedaços de memórias e pensamentos parecem envolver-se sem uma direcção aparente, mas sempre na mesma auto-estrada que se alinha até ao infinito.
E a fotografia está mesmo bonita - dá mesmo vontade de parar só para ficar a contemplar em silencio (e para não dizer que me faz lembrar a abertura do Donnie Darko - nao versão manhã, mas tarde)

Marta disse...

És maravilhosa, meu amor:) *

Marta disse...

tu embalas as palavras...=') boa viagem, bom inicio de aventura! es erasmus!beijoo