segunda-feira, 1 de outubro de 2012

#19

Na eterna tentativa de fazer com que resulte de novo, parece que os refrões se entalam nas coisas que se ouviram com o calor do momento. Se o arrependimento matasse, se não tivesse dito aquilo, se pudesse voltar atrás. Mais uma vez, a tirania da língua ao serviço do infortúnio que é a insegurança humana no que toca a relações. Dá-me mais um bocadinho de ti, diz ela. Dá-me mais um bocadinho de espaço, diz ele. Nos bocadinhos que se acumulam entre os dois, perdem a razão e os sonhos. Ainda assim, mantêm a insistência no verbo tentar, como se a próxima vez trouxesse a garantia de que aprenderam com os erros. A conversa em loop à espera que o outro não desista define uma espécie de terapia de casal que nunca pensaram em fazer. Frases espaçadas, calmas como a noite que impera às 2 da madrugada de Domingo, para que nada se estrague à conta de ânimos exaltados. Ao menos isso: a ser uma desgraça, que não seja pela força com que se atiram as palavras.

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