Sempre gostei do corvo que mora ao pé da casa dos meus avós. Ali mesmo, ao pé dos campos de arroz e da praia, onde tudo é verde, Verão e felicidade, mora um corvo sisudo. Gostava dele porque era diferente. Não era como as rolas nem como as gaivotas, sempre em alvoroço. O corvo que mora ao pé do meu avô canta só quando achava que tinha motivos para isso. E, talvez apenas por estar sozinho, nem tem muita vez. Mas, quando canta, todo o campo fica a ouvir, e eu também.
O que eu sempre achei estranho era o facto do corvo viver sozinho. Verdade seja dita, tirando aquele cantinho de terra, nunca mais encontrei um corvo fora do Jardim Zoológico e afins. Pelo que acabei por acreditar que os corvos estavam em vias de extinção. Portugal é terra de pombos, pardais, rouxinóis, andorinhas, rolas, gaivotas. Não há assim muitos corvos no meio desta passarada toda. Podemos estar a 10km do mar, mas há sempre a eventualidade de passar uma gaivota, que nos lembra sempre que 10km não é assim tanto. Confesso que aquele grasnar da gaivota me irrita um bocado. É demasiado alarido para meu gosto. A gaivota gosta de dar barraca e eu às vezes não tenho paciência para isso. Até porque eu sei que o mar está já ali.
Mas aqui não está. Aliás, nem sei onde é o mar mais perto deste sítio onde estou. E por isso não há gaivotas, nem os corvos moram sozinhos. São barulhentos. Não são tímidos como o que mora ao pé do meu avô. Os corvos são as gaivotas da Alemanha. Talvez por isso me lembre tanto do mar quando os ouço grasnar.
3 comentários:
beijinho p'ra rutxi :)
e eu a procura dum post meu =P
desde que vim de Erasmus que tenho o plano de escrever um post sobre "as aves negras da Holanda". Mas tive sempre preguiça (ou vergonha) de o fazer. Mas tu não!
A única diferença é que Haia fica ao pé do mar, logo há tantas gaivotas como corvos. Podes imaginar que funcionam como despertadores eficientes para muito boa gente!!!
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