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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Entalada

Quando deu por si, era tarde demais. O “pipipi” das portas que estão prestes a fechar foi menos brando do que o costume e acabou por ficar assim, a modos que entalada nas portas do Metro. Tudo se resumia a isso. Estava ali, entalada. No permanente vai não vai, chove não molha, não f*de nem sai de cima. Ironia do destino, a dicotomia do entalanço vem no primeiro múltiplo de dois. A dualidade da vida moderna ditou que a dúvida se instalasse no trabalho e no amor. Who cares? Ninguém, claro. Ou seja, quase tantas pessoas quantas as que se importavam que naquele preciso instante ela estivesse entalada entre as desconfortáveis portas do metro lisboeta.

Talvez por isso levar com a porta na tromba tenha sido um abre-olhos daqueles que só aparece quando temos os olhos fechados. Pelo menos uma parte estava decidida: ia trabalhar para a florista da amiga. Não que fizesse particular questão em juntar flores como quem pinta um quadro. Afinal, nunca levara muito jeito para trabalhos manuais. Mas com o dia dos namorados à porta, havia a esperança de poder servir de copy a corações apaixonados e desinspirados. Modernices! Do mal o menos, o tempo perdido numa agência de publicidade dava-lhe alento e talento (talento não, que esse nunca lhe faltara) para tornar o mundo um bocadinho melhor. Ou apenas mais simpático. Como o senhor que a puxara para dentro da carruagem, quando a viu aflita e entalada. Afinal, era quase só isso que faltava (bastava?) na sua vida. Simpatia.

Foto licenciada em Creative Commons por Swamibu


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sonhos Entalados e Pontos de Interrogação


Entalaram-me os sonhos como se me entalassem uma mão inteira. E penduraram meia dúzia de pontos de interrogação na pontas dos dedos, meia dúzia de enfeites para alegrar esta altura do Natal. Aquela curva enjoa-me. Apetece-me chutar aquela bola para bem longe. Aqui não há espaço para dúvidas, ouviram? Não há espaço para pontos curvados que só trazem confusão. Ou sim ou sopas! Gostava de sonhar outra vez, gostava. Mas o entalanço entupiu a porta de saída e assim não há sonho que consiga entrar. Só pontos de interrogação, que esses são manhosos e dobram-se para se conseguirem intrometer onde quer que seja. Não sei para onde me virar. Nem em que é que vale a pena acreditar.