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quarta-feira, 27 de junho de 2012

#12

Poesia é em português, que os sentidos não aprendem o amor noutras línguas. Como se o amor pudesse viver entre letras e sinais de pontuação. Dizemos que o verbo amar é indecente, mas só porque nunca o ouvimos quando queremos. Ou precisamos. Os mais românticos juram a pés juntos que o amor não se diz, sente-se. Mentira. O dicionário das sensações só fica completo quando a voz intervém, mesmo que seja baixinho. Ninguém se importa de ser amado com um sussurro, desde que não queiram fazer disso um segredo. O amor é aquele pormenor em que ninguém repara, mas está sempre ali à frente.

Fotografia licenciada em Creative Commons por Ignacio Sanz

terça-feira, 19 de maio de 2009

Portugal

Aviso prévio: este post é grande e, provavelmente, desinteressante, pelo que não é aconselhado a pessoas com sonolência aguda ou nível de cansaço extremo.

Fui a Portugal em contra-relógio. 3 dias e meio e 4 noites para matar saudades. Ver a família (espalhada entre os dois lados dos Tejo, entre lados opostos da periferia de Lisboa, perdida algures na costa alentejana), ver os amigos (faculdade, Técnico). E, claro, aproveitar cada momento com o meu respectivo.

Cheguei a Faro a pensar no autocarro que ainda faltava apanhar para a minha Lisboa. Mochila às costas. Ir ao multibanco. Seguir caminho para dentro da cidade. Ou não. 9h15. Quando olhei, ela estava ali à minha frente, de abraço e sorriso preparados para me receber como se eu nunca tivesse ido para longe. Ela que não me podia ir buscar porque tinha uma aula importantíssima. Ela, a Inês, a melhor amiga do mundo. 

Voltar para cima, «As placas estão em português!», pôr a conversa em dia, mimos, sorrisos, beijinhos, parar na avó, música basof no carro, somos de Massamá, gargalhadas, portagens, 120 km/h, sentidos proibidos em Lisboa, Praça de Espanha, Campo Pequeno, abraço.
Obrigada.

Correr até Entrecampos. Ele estava lá à minha espera. Estou em casa. Sou a trapalhona de sempre, carteira esquecida no carro dela. Ir à faculdade. Tudo na mesma... Os sorrisos, os abraços, as vozes, as palhaçadas, a cumplicidade e a vontade de estarmos juntos. Tenho os melhores amigos do mundo! O meu Afilhado deu-me a t-shirt que lhe andava a namorar desde as praxes e daqueles abraços que não se esquecem. Clichés à parte, "longe mas sempre perto". Ir buscar a carteira, para visitar a primeira leva de família. Mãe, manos, tia, primos. Crianças irrequietas e adoravelmente endiabradas. Gosto de te ver brincar com eles. Não gosto de saber que eles crescem enquanto estou tão longe.

Quinta-feira. Acordar o mano maior, levar o pequeno à escola. Técnico, Rádio Zero. Esperar por quem disse que me queria ver e não chegou a aparecer. Mas os de sempre nunca falham, mesmo quando chegam atrasados. Segunda leva de família. A bisavó não se esqueceu de mim e perguntou logo se eu já estava de volta (101 anos!). Descobrir o passado e matar as saudades à pressa. Ir a casa trocar de roupa. Era capaz de jurar que a casa era de outro tamanho da última vez que lá estive. Terceira leva de família: pai, Maria, pseudo-irmã, prima. Português atrapalhado e gargalhadas à mesa. Gosto que estejas sempre ao meu lado. Espectáculo do Luís. O puto está a ficar crescido. Orgulho!

Voltar para uma casa que não é a minha, mas que me viu crescer nos últimos meses antes de vir. Afeiçoamo-nos a quem vive connosco, mesmo que não seja sempre. O meu espaço na cama ainda existe e continua a ser meu, como a almofada onde adormeci. Acordar com o teu despertador às 6h30 (disso não tinha saudades, pá!), e acordar depois em cima da hora. Tomar banho à pressa, lavar os dentes em conjunto. Pequeno-almoço. Come isso, pá! Vá, despacha-te. As brincadeiras e picardias não se perdem com a distância. Última leva de família: avós e tios, Melides. Robalo para o almoço - sou uma mimada! Sei que tenho a melhor família do mundo. 

Ir para o Algarve. E ser só tua no pouco tempo que restava. Sou feliz contigo.

Domingo de manhã. Levantar ainda antes da 6h. Não consigo dormir. Não quero ir embora. Gosto tanto de ti. Fazer a mala. Se eu não tivesse já pago os bilhetes... Mesmo de partida, tomas conta de mim: sandes na mochila. Aeroporto. Beijo. Abraço. As palavras que nunca chegam e o tempo que passa a correr. Ir embora. Até já...

Viagem interminável com direito a manifestação surpresa em Frankfurt: atrasos no comboio e mudanças de estação imprevistas. Cheguei a Leipzig com a Sara à minha espera e senti-me em casa, outra vez. Que mesmo na Alemanha, Portugal é a minha casa.



domingo, 22 de março de 2009

Dia #11 - Portugals Abend

Jantar no restaurante português com a Mathilda (que, afinal, é Mathilde), a Lucie, a Jennifer (que está cá desde o semestre passado e vem de Hong Kong) e a Yi-Wei. Carapau e bacalhau grelhados, frango frito com esparguete, Compal, Super Bock, manteiga Primor (manteiga com sal, senhores!). Es ist sehr sehr gut! Es gefählt mich! (está muito muito bom! agrada-me) O Benfica ganhou e trouxe mais um pastel de nata para casa. Missão cumprida!...

(Jennifer, eu, Lucie por cima, Yi-Wei e Mathilde)

terça-feira, 17 de março de 2009

Dia #7 - Português e Portugal!

"Du bist Erasmus, ja?"
"Ja! Where are you from?"
"I'm from Portugal..."
"Oh really? Eu falo um bocadinho de português!..." (ler com sotaque brasileiro)

Este é o Rodrigo, vem do Chile e estuda qualquer coisa entre engenharia e gestão. Encontrámo-nos no Straßenbahn (o eléctrico) e, como o reconheci da apresentação, guardei a vergonha no bolso e meti conversa. Escusado será dizer que fiquei felicíssima da vida, quando ele disse que falava português, ainda que seja com sotaque do outro lado do Atlântico e "só um bocadinho". Como somos vizinhos, acabámos por ir todos juntos até casa. Eu, ele e as meninas de Taiwan. Alemão, inglês e português ao mesmo tempo. See dich amanhã!

Pela primeira vez, vi o sol de Leipzig. Como castigo, o frio apertou mais do que é costume. Mas aproveitei o céu de nuvens espalhadas para dar mais um passeio. Voltei a embrulhar-me no centro da cidade e reencontrei a Thomas Kirche, e resolvi vê-la de frente.


Enquanto dava a volta, encontrei este senhor importante.


Uma vez que esta semana descobri o bilhete semanal dos transportes cá do sítio, achei por bem aproveitar o dia e usufruir dele como deve ser, deambulando pela cidade de Straßenbahn. Apanhei o 15, o que vai para Miltitz e não para Algés. O plano era sair num sítio que achasse bonito. Consegui. E senti-me perto de casa.


Entrei meio a medo. Super Bock, Sagres, Sumol... Pão com chouriço e pastéis de bacalhau. Cachecóis da selecção, do Benfica, do Sporting e do Vitória de Guimarães na parede. "É uma casa portuguesa, com certeza", e é uma casa bonita por sinal (os cachecóis estão do outro lado da fotografia).


"Sind Sie Portugiesich?"
"Ja."
"Olá, eu também sou portuguesa..."

Conversa para cá, conversa para lá com o Sr. Miguel e o meu Nicola durou imenso tempo. Os portugueses em Leipzig, o restaurante que vai fazer 3 anos em Junho, os canais de televisão portugueses, os bailaricos à sexta-feira, falar alemão, estar na Alemanha 4 meses e meio, estar na Alemanha desde os 17 anos, estudar na Alemanha, comida portuguesa, comunidade portuguesa... Afinal, ainda somos uns quantos. Uns trabalham, outros estudam. Não se juntam todas as semanas, estilo seita, mas vão se juntando ali de vez em quando. É sempre bom sentirmo-nos perto do nosso mundo...

Sou emigrante e hoje trouxe Portugal para casa.